Uma equipe de cientistas brasileiros e do Reino Unido desempenhou um papel fundamental na identificação de algumas das variantes mais devastadoras do COVID-19, como P.1.
o Centro CADDEcom sede no Imperial, analisou os primeiros casos de COVID-19 e identificou as primeiras variantes de COVID-19 preocupantes no Brasil.
O Centro de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) reúne acadêmicos do Imperial, da Universidade de Oxford e parceiros no Brasil e está na vanguarda da análise genômica e da resposta à COVID-19 no Brasil. O Centro é coordenado conjuntamente pelo Dr Nuno Faria no Imperial College London e Professora Ester Sabino da Universidade de São Paulo.
Recentemente, o diretor da Fundação de Ciência de São Paulo (FAPESP), professor Luiz Mello, e o Conselheiro Chefe da Seção Acadêmica da Embaixada do Brasil em Londres visitaram a equipe do CADDE em seu novo laboratório no Campus White City do Imperial College.
Laboratórios móveis
A equipe do CADDE se baseia na experiência do Projeto ZiBRA durante o epidemia de zika em 2017, e o epidemia de febre amarela em 216-2018 durante o qual foi mobilizada a capacidade de vigilância genômica no Brasil. Financiada pelo Medical Research Council, essa equipe de parceria Brasil-Reino Unido usou laboratórios móveis para analisar amostras de surtos de vírus e fornecer informações epidemiológicas importantes sobre a disseminação dessas doenças.
O Dr Nuno Faria disse: “Desenvolvemos parcerias com equipas nacionais e internacionais de investigação e saúde pública, incluindo o Ministério da Saúde do Brasil, COG-UK, Arctic Network e a Organização Mundial de Saúde. Essas redes nos ajudaram a construir rapidamente a capacidade de sequenciamento e compartilhar descobertas com parceiros de todo o mundo.”
O CADDE foi lançado em 2019 e está sediado no MRC Center for Global Infectious Disease Analysis do Imperial College London. Essa parceria única entre a Universidade de São Paulo e várias universidades sediadas no Reino Unido é apoiada pelo Medical Research Council (MRC) e pela São Paulo Science Foundation (FAPESP).
Primeira sequência COVID-19 Brasil
Dentro de 48 horas dos primeiros casos confirmados, os cientistas do CADDE sequenciaram SARS-CoV-2 no Brasil no final de fevereiro de 2020. Os genomas virais foram disponibilizados na plataforma global de compartilhamento de dados GISAID para genomas SARS-CoV-2. Modelos computacionais utilizando genomas subsequentes de SARS-CoV-2 do Brasil ajudaram a equipe a monitorar a disseminação global do vírus e o impacto de intervenções não farmacêuticas na disseminação de SARS-CoV-2 no Brasil.
Novas variantes
Em janeiro de 2021, a equipe sequenciou os primeiros casos causados por P.1, variante Gamma preocupante, em Manaus, e forneceu os primeiros relatos de suas características epidemiológicas alteradas. A equipe identificou essa variante preocupante como a causa do ressurgimento de casos após uma grande onda de infecções no início de 2020. Os pesquisadores explicam que o potencial dessas novas variantes escaparem naturalmente e a imunidade induzida por vacinas destaca a necessidade de uma vigilância global e a importância da vigilância genômica e do compartilhamento internacional de dados.
Os cientistas do CADDE desenvolveram uma extensa rede de colaboradores em todo o mundo. O Dr. Nuno Faria disse: “As doenças infecciosas não obedecem aos controlos nas fronteiras, e as sociedades de todo o mundo estarão sempre mais bem preparadas quando os cientistas trabalharem em conjunto no combate às pandemias globais”.