Brasil: projeções de inflação e PIB acima dos números de março
“O horizonte relevante é 2023”, explicou Campos Neto
O Banco Central do Brasil (BCB) anunciou nesta quinta-feira que projeta um aumento de 1,7% no Produto Interno Bruto (PIB) do país até o final de 2022, melhorando assim uma previsão anterior divulgada em março, que mencionava apenas 1%.
O diretor de Política Econômica do BCB, Diogo Abry Guillen, divulgou os novos números durante entrevista coletiva com a presença do CEO do BCB, Roberto Campos Neto. O PIB mostra a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
O novo anúncio foi uma prévia do relatório trimestral de inflação, que será divulgado em 30 de junho após adiamentos devido à greve dos funcionários do Banco Central.
Segundo o BC, há expectativa de “desaquecimento da atividade no segundo semestre” devido aos efeitos cumulativos do aperto monetário; a persistência de choques de oferta; e doações em dinheiro do governo para as famílias no primeiro semestre.
O Banco Central também aumentou suas projeções para a inflação nos próximos três anos. Para 2022, a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 6,3% em março para 8,8%.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) havia estabelecido para este ano uma meta de 3,5%, com margem de tolerância de mais/menos 1,5 ponto percentual.
Para 2023, com a meta em 3,25%, o Banco Central já projeta inflação em 4%, ante 3,1% divulgados em março. Para 2024, ano em que a meta estabelecida pelo CMN é de 3%, as projeções passaram de 2,3% para 2,7%.
Sobre a ligação entre inflação e estabilidade, Campos Neto disse estar trabalhando também com um “objetivo secundário de suavização, olhando um pouco para o equilíbrio de tudo o que fizemos e o balanço de riscos que existem hoje, e como isso influencia as decisões futuras. ”
“Comunicamos que estamos perseguindo um número. E temos dito que não são 4%. É menos de 4% [in 2023]. Obviamente, todos os trade-offs entre o aumento da taxa de juros e a suavização do ciclo – entender onde a taxa de juros tem que vir e também entender os trade-offs entre o aumento da taxa e a taxa terminal, e quanto a taxa deve permanecer no nível terminal…, tudo isso é levado em consideração”, continuou.
“O horizonte relevante é 2023, e a meta em torno está abaixo de 4%. Claro que se chegar a 4% teremos que agir, mas uma variação de +0,1 ou +0,2, para um lado ou para outro nesse ambiente incerto, não tem um valor esperado tão positivo. Fica mais claro traçar uma estratégia, olhar para um horizonte de prazo relevante e traçar uma estratégia”, acrescentou.
(Fonte: Agência Brasil)