Mais de um século depois que seu querido compatriota Alberto Santos-Dumont fez história na aviação, os jovens brasileiros estão subindo aos céus em busca de glória internacional própria… com aviões de papel.
Oito finalistas participaram de uma disputa acirrada recentemente no Rio de Janeiro para escolher os participantes do Brasil para o campeonato mundial de aviões de papel em Salzburg, Áustria, em maio.
Agora em sua sexta edição, o Red Bull Paper Wings 2022 colocará representantes de 62 países uns contra os outros em concursos para decidir os melhores voadores de avião de papel do mundo em distância e tempo de antena.
As eliminatórias brasileiras foram realizadas no Museu do Amanhã, uma estrutura elegante inaugurada no período que antecedeu as Olimpíadas do Rio 2016, cujas exposições incluíram homenagens a Santos-Dumont (1873-1932), herói nacional que ganhou o prêmio Deutsch em 1901 por ser a primeira pessoa a pilotar um dirigível ao redor da Torre Eiffel.
Voando na cara dos historiadores da aviação, muitos brasileiros também insistem que o lendário bon vivant foi o primeiro a pilotar um avião, e não os irmãos Wright.
Seus pretensos herdeiros enfrentam o que alguns podem considerar um desafio igualmente quixotesco: usando um pedaço padrão de papel A4 de 100g, crie e pilote os aviões de papel de melhor desempenho do mundo.
O Brasil foi campeão mundial duas vezes, em 2006 e 2009, ambos na categoria airtime.
Oito estudantes de áreas tão diversas como engenharia, medicina veterinária e nutrição participaram das recentes finais, depois de sobreviverem às eliminatórias preliminares com um campo inicial de 2.500 participantes.
De pé em uma área de competição coberta pintada como uma pista de aeroporto, eles lançaram artisticamente suas criações de papel para o alto à luz do sol que brilhava através da cúpula alta e arejada do museu.
José Silva, um estudante de ciência da computação de 24 anos da cidade de Goiânia, no centro-oeste, estava competindo em sua segunda eliminatória.
“Aviões construídos para distâncias são como foguetes”, explicou. “Aviões construídos para o tempo de antena são como planadores, com asas largas.”
Sua própria entrada no tempo de antena foi de 2,11 segundos, perdendo para Pedro Cruz Capriotti, de 19 anos, com 7,61 segundos, e bem abaixo do recorde mundial de 27,9 segundos de Takuo Toda, do Japão.
A categoria de distância foi vencida por Isaac Queiroz Leite, de 19 anos, com um voo de 40,3m. Ele estará perseguindo um recorde mundial de 69,1m, detido por Joe Ayoob dos Estados Unidos.
O terceiro colocado Richard Amorin, de 23 anos, estava confiante de que o Brasil iria brilhar na Áustria.
Assim como Santos-Dumont, “os brasileiros sempre dão um jeito”, disse. – AFP Relaxnews