A meta do Brasil de produzir todo o trigo de que precisa no espaço de 10 anos não leva em consideração o uso de plantas transgênicas, disse Celso Moretti, chefe da agência de pesquisa agrícola Embrapa, à Reuters na terça-feira.
Falando à margem de uma conferência internacional, as observações de Moretti ocorrem no momento em que a Embrapa testa uma planta de trigo geneticamente modificada resistente à seca – e ressalta como o experimento ainda está em um estágio muito inicial.
Os testes com trigo transgênico estão sendo realizados no bioma Cerrado, que é mais seco e quente do que as áreas tradicionais de trigo.
Nessa região, o uso da biotecnologia impulsionou exponencialmente a produção brasileira de soja e milho, colocando seus agricultores tropicais entre os mais eficientes do mundo.
“Transformamos o bioma Cerrado”, disse Moretti durante um painel de discussão na terça-feira. “Adaptamos plantas e animais às condições tropicais. Isso aconteceu e ainda está acontecendo hoje.”
O plantio de uma segunda safra no estado do Rio Grande do Sul com trigo e a expansão da fronteira do trigo no Brasil para o bioma Cerrado são os principais impulsionadores do crescimento da produção, disse Moretti.
Mas Moretti não pôde comentar sobre o experimento com trigo transgênico no Brasil Central, pois os resultados dos testes preliminares ainda não estão disponíveis e é necessário mais tempo para determinar o sucesso ou o fracasso.
O Brasil exige entre 12 milhões e 13 milhões de toneladas de trigo por ano, disse Moretti com base nas estimativas atuais de consumo doméstico.
Nesta safra, a expansão significativa da área e a expectativa de maior produtividade vão ajudar o Brasil a produzir um recorde estimado de 9 milhões de toneladas de trigo, segundo previsões do governo.
Fonte: Reuters (Reportagem de Ana Mano; Edição de Sandra Maler)